Lumini Talks: Conheça a trajetória de Esther Stiller
A arquiteta, pioneira do lighting design no Brasil, foi aprendiz de Lívio Levi e criou conceitos inovadores de iluminação na lumini
Esther Stiller é uma das mais renomadas profissionais da área de lighting design. Atualmente, ela leciona no instituto que leva seu nome, o Instituto Esther Stiller, e trabalha para levar adiante o legado de Livio Levi, arquiteto e designer também pioneiro na área de iluminação. Em entrevista para a Lumini Talks, série de lives disponíveis no Instagram da lumini, Esther conta sua trajetória desde a faculdade até a consolidação de sua carreira, relatando seus aprendizados com grandes mestres. Sua história está intrinsecamente ligada à trajetória da lumini, que cresceu e se expandiu pelas mãos de Esther.
O Início
Tudo começou em 1967. Com 21 anos, Esther cursava o terceiro ano de Arquitetura e Urbanismo na faculdade Mackenzie. Juntamente a seu professor de Desenho Industrial, o arquiteto e designer Lívio Levi, Esther começou a projetar luminárias para o Palácio do Itamaraty. Até o momento, a iluminação das obras de arte ali expostas era improvisada.
Na década de 70, era comum contratar, para esses fins, os escritórios de conforto ambiental. Esse termo refere-se ao planejamento acústico, térmico e também de iluminação, que eram muito requisitados para a construção de teatros, por exemplo. No entanto, quando se tratava de pensar a luz como parte intrínseca ao ambiente, que desempenha papel de arte e também arquitetura, havia um amplo espaço inexplorado.
Para o Palácio do Itamaraty, era necessário pensar a iluminação sob medida. O projeto arquitetônico monumental teve sua primeira recepção oficial em março de 1967, mas foi inaugurado apenas em 1970 – nesse meio tempo, detalhes imprescindíveis, como a luz, foram exaustivamente pensados e trabalhados. Durante esse período, Esther desenvolveu seu processo de criação baseando-se nas experiências com a arquitetura intuitiva de Niemeyer e a inovação proposta no escritório de seu orientador.
Sozinha em mar revolto
Em 1973, após tornar-se mãe, Esther recebe a notícia da morte prematura de seu grande mestre e amigo, Lívio Levi. “No escritório, trabalhávamos com obras de grandes artistas renomados, e eu me sentia muito pequena em comparação”, conta Esther, relembrando o período. A equipe do escritório, porém, reconhecia seu trabalho e envolvimento com os projetos, e depositou nela a força necessária para seguir em frente após a perda.
“O respeito com que Lívio Levi tratava a iluminação e o espaço arquitetônico é uma lição a ser profundamente meditada” – Jorge Wilheim
Nos anos subsequentes, Esther tomou a responsabilidade de levar adiante o legado de Lívio. “Uma questão ficava sempre na minha cabeça: como representar a arquitetura de um colega? Como fazer uma homenagem, fundindo dois estilos únicos? Afinal, esse é o nosso propósito, a nossa profissão como lighting designers: redefinir e redesenhar o espaço para que ele alcance a mesma atmosfera idealizada inicialmente pelo arquiteto, tomando um pouco de sua personalidade.” Para trazer à tona todas essas ideias fervilhantes, novos integrantes passaram a fazer parte da equipe do escritório, que viria a se tornar a lumini.
Novos Ares
O primeiro deles surgiu junto a uma necessidade: a de fabricar as próprias luminárias para os projetos de Esther. “Não tinham luminárias prontas no Brasil; era difícil fabricar. Depois de um tempo, mesmo a fábrica que nos fornecia no país fechou, e precisamos buscar outras alternativas”, relata a arquiteta.
Foi então que Gilberto Franco prontificou-se a trabalhar no escritório. “Apareceu um sujeito da FAUUSP [Faculdade de Arquitetura e Urbanismo] que queria falar comigo, porque gostava muito de iluminação. Ele era todo desgrenhado, carregando um monte de refletores, e não parava mais de falar: ‘Meu nome é Gilberto Franco, eu gosto de iluminação e fabrico meus próprios refletores. Meu sonho é trabalhar com você.”
Agora com apoio de Franco, que Esther descreve como “sonhador, com pés no chão, vasto conhecedor de matemática e física”, a equipe do escritório ia lentamente se adensando. E com novas pessoas, cheias de ideias ousadas e inovadoras, o escritório desenvolve design de iluminação de alta qualidade no Brasil. “Primeiro foi o Gil, mas depois vieram o José Luiz, a Mônica, o Carlos e todos os outros”, relembra Esther.
Nas próximas matérias, contaremos mais sobre a história da lumini e dos profissionais que nos tornam referência na área de lighting design, assim como Esther Stiller.
Muito interessante pois este assunto (iluminação tratada como arte) ainda é pouco difundido em nosso país.
Como o paisagismo a iluminação é parte complementar e fundamental ao projeto arquitetônico.
Gostei muito e continuarei acompanhando.
Adorei demais a matéria , muito interessante. Quero me aprofundar mais nessa história .